“A crise hídrica reforça para o mercado consumidor que é possível gerar sua própria energia”. Esta é a análise de Leandro Martins, presidente da Ecori Energia Solar.
De acordo com ele, tal período de seca, considerado o pior dos últimos 91 anos e que desencadeia a recessão energética, pode ser um catalisador para a aprovação do PL 5829, que visa a criação do Marco Legal da GD (geração distribuída). “Este pode ser um bom momento para que as forças sejam intensificadas”.
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“De toda forma, com a aprovação do projeto de lei, o setor solar espera sentir um aquecimento com uma busca maior por geradores fotovoltaicos. Entretanto, um possível aumento na procura atrelado à queda do dólar não significa que haverá a possibilidade de repassar um preço mais baixo para os distribuidores”, ressaltou o executivo.
“Isso porque o valor dos materiais está subindo em moeda estrangeira diante de uma combinação de fatores como a alta demanda mundial, a alta demanda interna na China (que se comprometeu a ter uma economia de carbono neutro até 2060), dificuldades na cadeia de suprimentos, bem como a questão do frete internacional”, completou.
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Análise do 1º semestre
Para Martins, é possível destacar alguns pontos importantes que marcaram o primeiro semestre de 2021 do mercado fotovoltaico brasileiro. Uma das questões é a demora na aprovação do PL 5829, que desde março entrou e saiu da pauta da Câmara dos Deputados e segue sem previsão de retomada.
“Infelizmente, o mesmo foi imensamente emendado e nos coloca em posição de retaguarda. Caso entre na pauta e algumas emendas sejam aprovadas, teremos um setor muito prejudicado, com uma aceleração na busca por sistemas fotovoltaicos com armazenamento de energia”, comentou.
“O momento é de cautela. Continuamos em conversas no cenário político e empresarial para tentarmos um desfecho positivo para o país, para o segmento de geração distribuída e para o planeta como um todo”, enfatizou o especialista.
Ademais, o presidente da Ecori apontou que outro fator essencial no setor é a importação de mercadorias. “O aumento no frete internacional reflete diretamente no mercado nacional, o que impossibilita a diminuição dos preços mesmo em um cenário de queda do dólar. Atualmente, os custos estão nos maiores patamares já vistos e o principal problema é a falta de previsibilidade em relação aos meses seguintes”.
“Se compararmos os preços de frete antes da pandemia com os atuais, os valores representam mais de 10% da mercadoria, um fator que sozinho já elimina a possibilidade de diminuição deles em decorrência da queda do dólar. Os fretes continuarão pressionados até 2022 diante do aumento da demanda natural da segunda metade do ano”, relatou.
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Análise do 2º semestre
“Tomando como base o primeiro semestre, em geral, as perspectivas para o segundo são positivas para o setor fotovoltaico”. É o que afirmou Leandro Martins.
“Nossa expectativa é que sigamos em crescimento por alguns fatores. Primeiro, entendemos que as pessoas aprenderam a conviver com esse cenário de pandemia, o que faz com que isso não seja mais um impeditivo para o segmento. Outro ponto é que a economia apresenta sinais de aquecimento”, explicou o especialista.
Formatos digitais ganham força no setor
O executivo também discorreu que, diante do cenário de pandemia, o setor solar precisou se movimentar e migrar para formatos digitais ou, ao menos, híbridos para manter um ritmo para os negócios.
“Acreditamos que essas formas vão conversar muito bem. Nossa ideia, inclusive, é que possamos voltar com os eventos, assim que recomendado pelas autoridades sanitárias, e adotar um formato híbrido com realização presencial e transmissão ao vivo”, destacou.
“Enquanto isso não é possível, seguimos a premissa de zelo e cuidado com a saúde dos colaboradores, parceiros e clientes”, ressaltou Martins, acrescentando que, para este ano, a previsão da Ecori é fechar com 100% de crescimento.