As vendas de veículos elétricos no Brasil atingiram um recorde em 2020. De acordo com a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), houve um aumento de 66,5% nos emplacamentos em relação a 2019.
Segundo a associação, o número saltou de 11.858 unidades em 2019 para 19.745 no ano passado. Só em dezembro de 2020 foram 1.949 veículos vendidos.
Foi a primeira vez que o segmento de eletrificados chegou a 1% do mercado total de automóveis e comerciais leves (1.950.889), de acordo com a Fenabrave (Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores).
Com esse resultado, a frota total de automóveis elétricos ou híbridos em circulação no Brasil já chega a 42.269 unidades.
Crescimento exponencial
Segundo a ABVE, as 19.745 unidades vendidas em 2020 representam aumento de 66,5% sobre 2019 (11.858), de 397% sobre 2018 (3.970), 499% sobre 2017 (3.296) e 1.709% sobre 2016 (1.091).
“Temos de interpretar esses números de duas formas. Por um lado, devemos comemorar o fato de os elétricos terem chegado a 1% do mercado. É uma marca simbólica importante”, afirmou Antonio Calcagnotto, diretor de Veículos Leves da ABVE e diretor de relações institucionais e sustentabilidade da Audi do Brasil.
“Mas é claro que ainda estamos muito distantes de uma participação expressiva no mercado total. Portanto, temos de insistir em medidas de apoio à mobilidade elétrica”, acrescentou.
A ABVE defende, por exemplo, a equiparação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos eletrificados à alíquota da maioria dos veículos comuns.
“Por que um carro flex 1.0 a combustão paga 7% de IPI e um veículo elétrico ou híbrido, que é muito mais eficiente e não poluente, tem de pagar 13%, 18% ou até mais?”, indagou Pedro Bentancourt, vice-presidente de Veículos Leves da ABVE e diretor de relações governamentais da Nissan do Brasil.
“O ideal seria zerar o IPI dos veículos elétricos e híbridos. No mínimo, nossos produtos deveriam pagar a mesma alíquota básica já paga pela maioria do mercado. Não é só uma questão de eficiência energética, é também de saúde pública”, ressaltou.
Eletropostos
Outras demandas defendidas pela ABVE são: redução de IPVA (Imposto sobre Veículos Automotores), programas de instalação de eletropostos nas estradas e incentivos à eletrificação das frotas públicas e de prestadores de serviços de compartilhamento.
Atualmente, o Brasil tem em torno de 350 pontos de recarga em rodovias e locais públicos, como shoppings e postos de combustível, segundo o aplicativo da Tupinambá Energia, startup focada em infraestrutura para veículos eletrificados.
Em novembro, a associação também preparou a Carta da ABVE pela Eletromobilidade, que propõe um conjunto de medidas de apoio ao transporte sustentável nas cidades.
A Carta foi enviada aos principais candidatos a prefeito de 14 capitais brasileiras, antes das últimas eleições.
Tendência sustentável
Dados da Fenabrave apontam que o total de emplacamentos de automóveis e comerciais leves caiu 26.6% em 2020, na comparação com 2019 (1.950.889 contra 2.658.692).
“Mais uma vez, os eletrificados mostraram seu potencial, em nítido contraste com a evolução de todo o mercado”, disse Adalberto Maluf, presidente da ABVE.
“Nesses tempos de Covid-19, o consumidor brasileiro fez uma aposta clara nos veículos não poluentes e sustentáveis. Optou por proteger a sua saúde e a saúde da sociedade”, concluiu.