Um estudo realizado pela BNEF (BloombergNEF) apontou que pelo menos US$ 14 trilhões precisarão ser investidos na rede elétrica em todo o mundo até 2050 para que exista suporte a um sistema de energia evoluído. No entanto, na opinião de especialistas ouvidos pelo Canal Solar, a GD (geração distribuída) fotovoltaica pode auxiliar na postergação desses investimentos.
“A evolução do sistema [elétrico] passa pela necessidade de torná-lo como uma rede malhada, proporcionando maior flexibilidade operativa e facilitando a inserção de novas cargas e gerações”, disse Dirceu Ferreira, professor e engenheiro eletricista com mais de 30 anos de experiência em geração e distribuição de energia.
De acordo com ele, para que o setor atinja esse objetivo são necessários investimentos maciços no sistema. “Existe um lapso entre a realidade atual e o sonho. Sistemas como micro redes e de armazenamento de energia estão sendo pesquisadas e implantadas no mundo afora procurando contornar o problema de continuidade e de qualidade no fornecimento de energia elétrica”.
Na opinião de Ferreira, a geração distribuída, aliada ao armazenamento de energia, também contribui para atingir este patamar de sistema evoluído, permitindo com que ele se acomode em um tempo mais longo e menos oneroso. “É o caso, por exemplo, da complementaridade entre a geração fotovoltaica e a geração eólica e tecnologias de armazenamento”.
Quem também defende a tese de que a GD solar ajudará o desenvolvimento do setor é José Marangon. Para o especialista na área, a necessidade de descarbonização do setor e a busca por energia renovável, implica numa mudança significativa na forma como o setor elétrico vem operando. “Facilidade de despacho com as térmicas de combustíveis fósseis e usinas hidrelétricas com grandes reservatórios vão ser resquícios do passado”, disse ele.
Para Marangon, a nova configuração exigirá um sistema de automatização mais inteligente com aquisição de dados on-line, ou seja, investimentos consideráveis em novas tecnologias de gestão automática de sistemas. “Uma preocupação nova é com a confiabilidade e resiliência destas redes visto que a energia elétrica está cada vez mais vital para a sociedade humana. Isto vai requerer grandes investimentos”.