O HUB no Ceará tem potencial de ser um dos maiores players de H2V (hidrogênio verde) no mundo, competindo com outros países, que também já iniciaram a implantação, como o Japão, os Estados Unidos, Portugal e Holanda.
Essa é a avaliação de Monica Saraiva Panik, diretora de relações institucionais da ABH2 (Associação Brasileira do Hidrogênio), em relação ao projeto de H2V que o estado do Ceará está implantando – considerado, pelo governo cearense, como o primeiro do Brasil.
A iniciativa, anunciada durante reunião realizada virtualmente na semana passada, tem como objetivo fazer do Ceará um player global na produção, armazenamento, distribuição e exportação de energia renovável.
De acordo com Roseane Oliveira de Medeiros, secretária executiva da SEDET (Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado do Ceará), o estado está buscando criar políticas públicas para que os empreendedores enxerguem a região como o local ideal para os investimentos.
“O HUB contribuirá para o desenvolvimento social, econômico, tecnológico e do meio ambiente do estado”, destacou Roseane, acrescentando que as reuniões com empresas globais e locais já se iniciaram.
Segundo a Pasta, um dos projetos tem a meta de produzir 900 mil toneladas de H2V por ano, em uma área de 200 hectares e com capacidade de eletrólise de 5 GW.
O Complexo do Pecém é considerado um ponto estratégico, por exemplo, para produção e exportação do hidrogênio verde, uma vez que no local já se encontra um grande número de indústrias que podem consumi-lo.
Duna Gondim Uribe, diretora-executiva Comercial na CIPP (Complexo Industrial e Portuário do Pecém), explicou que o porto possui como vantagens competitivas sua infraestrutura e os benefícios fiscais.
Ademais, enfatizou que a estrutura vai funcionar como mobilizador de toda a cadeia de valor, recebendo componentes para plantas de energia eólica offshore, além de propiciar a instalação de painéis solares, usinas de eletrólise, armazenamento de H2, planta de dessalinização e linhas de transmissão de energia.
O intuito, de acordo ela, é que o H2V possa ser consumido não apenas pelas indústrias, mas também usado nos diversos serviços logísticos e na mobilidade urbana.
Exportação do hidrogênio verde
Com respeito a exportação, o governo do Ceará afirmou que o Porto de Roterdã tem uma participação no capital do Pecém, além de ser parceiro neste projeto.
A diretora-executiva Comercial na CIPP comentou ainda que ideia é que o Porto de Pecém se torne a porta de saída para o H2V produzido no Brasil e o de Roterdã seja a porta de entrada na Europa.
Potencial renovável
Para Jurandir Picanço, consultor da FIEC (Federação das Indústrias do Estado do Ceará) e presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis do Ceará, outro ponto fundamental para o sucesso do hidrogênio verde no Ceará é o seu potencial na área de energias renováveis.
Dados da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) apontam que o Ceará está na 9ª colocação do ranking estadual de geração distribuída fotovoltaica com mais de 206 MW de potência instalada.