O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira (26), em audiência pública no Senado, que a taxa extra na conta de luz, cobrada por meio das bandeiras tarifárias, vai sofrer um novo aumento em meio a maior crise hídrica dos últimos 91 anos.
“Vamos ter que enfrentar a crise de frente. Vamos ter que subir a bandeira. Vamos pedir para os governadores não subirem automaticamente, porque eles têm um percentual. Então, se bota a bandeira eles acabam faturando em cima da crise e isso não é interessante”, disse Guedes.
O novo valor deverá ser divulgado pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) nos próximos dias e a expectativa é que a bandeira vermelha 2 fique acima dos R$ 11,00 para cada 100 kWh consumidos. Atualmente, o custo adicional está em R$ 9,49.
Se confirmado, este será o quarto aumento realizado pelo Governo Federal no valor da bandeira tarifária em menos de quatro meses. Em 30 de abril, o país operava sob a bandeira amarela, a um custo de R$ 1,34 para cada 100 kWh.
Recentemente, a Agência abriu uma consulta pública visando avaliar com a sociedade a possibilidade de subir o valor da tarifa para R$ 11,50. As principais concessionárias do país se posicionaram de maneira favorável.
Pacote de medidas
Nesta quinta-feira, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, também veio a público e anunciou que o Brasil dará descontos nas contas de luz dos consumidores residenciais que economizarem energia elétrica a partir do dia 1º de setembro.
A Pasta ainda vai divulgar mais detalhes sobre o funcionamento da medida no começo da semana que vem. A proposta visa reduzir a demanda energética e evitar os riscos de racionamento e apagões.
Nesta semana, o MME também baixou um decreto para reduzir em até 20% o consumo de energia em prédios públicos entre os dias 1º de setembro deste ano e 1º de abril de 2022.
Outro setor que também ganhou regras para diminuição do uso da demanda energética nesta semana foram as indústrias do mercado livre – aquelas que compram energia diretamente do gerador ou comercializador, sem passar pela distribuidora.
Crise hídrica
O Brasil passa hoje pela maior crise hídrica dos últimos 91 anos por causa da seca histórica que atinge os principais reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste, que correspondem por mais de 70% da geração de energia hídrica nacional.
Sem água nos reservatórios, o Governo Federal precisou tomar medidas para evitar a necessidade do racionamento, como a compra de energia de países vizinhos e o acionamento das usinas térmicas, que além de mais poluentes, ainda encareceram o valor da conta de luz das famílias brasileiras. O valor ficará ainda maior em 2022.
Em novembro, quando se encerra o período seco e começa o chuvoso, o MME prevê que os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste operem com menos de 15% da capacidade.