O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, anunciou nesta segunda-feira (1) novas metas climáticas: o Brasil vai zerar o desmatamento ilegal até 2028 e reduzir em 50% as emissões de gases poluentes até 2030.
O comunicado foi feito na abertura da participação brasileira na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP26, iniciada no último domingo (31) e que segue até dia 12 em Glasgow, na Escócia.
O anúncio antecipou as metas previamente estabelecidas. “As contribuições do Brasil para superar o desafio estão postas. Não faltará empenho do governo federal para chegar a um resultado positivo. Apresentamos hoje uma nova meta climática mais ambiciosa, passando de 43% para 50% até 2030 e a neutralidade de carbono até 2050”, disse Leite.
Ainda segundo o ministro, a conferência marca “uma transição do debate das promessas climáticas para a criação de empregos verdes”. “Realizamos encontros bilaterais prévios com mais de 60 países, atuando como país articulador, buscando o diálogo e pontos de convergência. Também conduzimos dezenas de reuniões técnicas, coletando subsídios que culminaram numa estratégia de negociação para defender o interesse nacional e posicionar o Brasil como país fundamental nessa nova agenda verde mundial”, disse.
“No combate à mudança do clima, fazemos parte da solução e não do problema”, disse Jair Bolsonaro em vídeo enviado para ser exibido na Conferência. O presidente não está presente na cúpula e deixou a delegação brasileira sob o comando de Leite.
“Temos que agir com responsabilidade buscando soluções reais para uma transição que se faz urgente. […] Os resultados alcançados pelo nosso país até 2020 demonstram que podemos ser ainda mais ambiciosos”, completou.
O governo brasileiro busca convencer as outras lideranças mundiais da seriedade das metas estipuladas, uma vez que é muito criticado por suas políticas ambientais. De acordo com o relatório mais recente do Observatório do Clima, apesar da pandemia, o país aumentou em 9,5% a emissão de gases de efeito estufa em 2020. Na contramão, durante o mesmo período, o mundo registrou uma queda de 7%.
ONU pede prioridade para tecnologias renováveis
Na abertura da COP26, o presidente da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Abdulla Shahid, discursou destacando que “simplesmente não se tem feito o suficiente”. Ele pediu prioridade para o uso de tecnologias renováveis.
“Em primeiro lugar, as tecnologias renováveis estão agora entre as mais baratas do planeta e contam com forte apoio público. Com a notícia de que o financiamento do clima não alcançará a meta prometida de US$ 100 bilhões anuais até 2023, devemos acelerar nossos esforços para garantir que todos os países tenham acesso às mais recentes inovações tecnológicas”.
Ambientalistas querem energia 100% renovável até 2040
Em paralelo à COP26 em Glasgow, discussões sobre a importância das energias renováveis ganham força entre ambientalistas. Recentemente a Climate Action Network Europe defendeu que a Europa deve apostar em energia solar e eólica para evitar o agravamento das consequências das mudanças climáticas e quer uma transição rápida e sustentável até 2040.
“Podemos e devemos atingir um sistema de energia 100% renovável até 2040 e, ao mesmo tempo, atender às metas ambientais e sociais. A produção total de energia exclusivamente renovável até 2035 deveria estabelecer-se como meta vital. A Europa tem um potencial doméstico largamente inexplorado para as energias renováveis que constitui uma oportunidade imperdível”, afirmou Wendel Trio, diretor da CAN Europe.