A ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) liberou 544,3 MW de potência operacional, em outubro deste ano, para usinas solares de GC (geração centralizada). Trata-se de um montante que representa mais da metade (57%) do total de 957,03 MW liberados para operação no Brasil ao longo do mês passado.
O volume ficou à frente do quantitativo liberado para plantas de geração térmica e eólica, que ficaram com 24,7% e 10,9% do total, respectivamente. Por sua vez, as PCHs (pequenas centrais hidrelétricas) acumularam 3% do total, enquanto as UTNs (usinas termonucleares) e as CGHs (centrais geradoras hidrelétricas) contabilizaram juntas menos de 1,6%.
Os dados da ANEEL mostram ainda que o país conta hoje com mais de 700 empreendimentos de GC solar em processo de construção ou em construção não iniciada, que juntas totalizam aproximadamente 30 MW de potência outorgada. Para efeito de comparação, as usinas térmicas tem hoje menos de 80 empreendimentos, enquanto as eólicas menos de 400.
“A energia solar mostrou seu protagonismo em outubro tanto com esses números como pelo fato de ter batido dois recordes no nordeste“, disse Rodrigo Sauaia, CEO da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica).
Segundo ele, o crescimento da fonte pode ajudar a aliviar a pressão da maior crise hídrica dos últimos 91 anos, ajudando o país a economizar água dos reservatório, evitando o despacho de termelétricas e a importação de energia junto à países vizinhos. “Tanto o despacho das termelétricas quanto a energia importada chegam a custar quase 10 vezes mais que o preço médio da energia solar, que é uma ferramenta que traz alívio para a operação do sistema e o bolso dos consumidores”, afirmou.
Tempo de instalação
De acordo com Sauaia, além dos benefícios econômicos, sociais e ambientais que a fonte solar oferece, outro ponto que merece destaque é o tempo de construção das usinas fotovoltaicas. “É uma fonte muito rápida de implementação. São necessários apenas 18 meses para colocar uma usina de pé gerando energia para a sociedade. É um prazo que ganha disparado das outras fontes”, ressaltou.
O CEO da ABSOLAR também chamou a atenção para a versatilidade que as usinas fotovoltaicas de GC possuem. “É possível fazer projetos de pequeno e médio porte ou fazer um número grande de pequenos projetos e ainda assim ter competitividade. É diferente das usinas convencionais, onde existe apenas uma única usina com um projeto de muitos GWs”, destacou. “É como se fosse um lego: é fácil de montar e pode ser expandido de acordo com a necessidade”, exemplificou.
Investimentos
Apesar do crescimento da solar, Sauaia alerta que é essencial que o país adote políticas públicas de qualidade para a fonte fotovoltaica se desenvolver no segmento de geração centralizada. “Precisamos aumentar a contratação em leilões e dar sequência no processo de expansão da infraestrutura de transmissão, com o objetivo de aproveitar essa energia (solar) de excelente qualidade que o Brasil possui em suas diferentes regiões. Não podemos deixar que ocorram gargalos no desenvolvimento desta tecnologia”, concluiu.