A EPE (Empresa de Pesquisa Energética) divulgou o PET (Programa de Expansão da Transmissão) e o PELP (Plano de Expansão de Longo Prazo) – 1º Semestre de 2022.
O objetivo foi apresentar as obras planejadas para a expansão do SIN (Sistema Interligado Nacional) definidas em estudos de planejamento concluídos até junho de 2022 e que ainda não foram autorizadas ou licitadas.
O PET/PELP consiste em um documento gerencial, publicado duas vezes ao ano, que abrange todas as obras de expansão do SIN, recomendadas nos estudos de planejamento coordenados pela EPE, e que ainda não tenham sido autorizadas ou licitadas.
Segundo a EPE, é uma importante referência para o mercado, ao apresentar um panorama das perspectivas do setor, incluindo detalhes e informações sobre as próximas expansões previstas para o sistema de transmissão.
Investimento em transmissão
De acordo com o documento, o investimento total associado às expansões contempladas nesta edição do PET/PELP é de R$ 103,4 bilhões, segregado da seguinte forma:
- R$ 67,0 bilhões (65%) dizem respeito a investimentos em linhas de transmissão, ao passo que R$ 36,4 bilhões (35%) são relacionados a subestações;
- R$ 91,3 bilhões (88%) são referentes a investimentos em instalações de caráter licitatório, enquanto R$ 12,1 bilhões (12%) são associados a instalações de caráter autorizativo;
- R$ 74,1 bilhões (72%) se referem a investimentos em obras planejadas originalmente com o propósito de escoamento de geração, eventualmente envolvendo a ampliação das interligações, ao passo que R$ 29,3 bilhões (28%) são relativos a obras planejadas com foco no atendimento aos mercados regionais.
Ainda de acordo com a EPE, do investimento total de R$ 103,4, R$ 42,1 bilhões (41%) é para o submercado Sudeste/Centro-Oeste, R$ 16,5 bilhões para o submercado Sul (16%), R$ 15,6 bilhões para o submercado Norte (15%) e R$ 29,2 bilhões para o submercado Nordeste (28%).
O documento ainda informa que em relação ao investimento total de R$ 67 bilhões em linhas de transmissão, R$ 66 bilhões são associados a obras de caráter licitatório e R$ 19,9 bilhões desse montante (30%) devem entrar em operação até o ano de 2028. Com isso, é esperada uma expansão aproximada de 26,8 mil km em novas linhas de transmissão em todo o horizonte do PET/PELP.
Leilões de transmissão para reforçar escoamento da solar
Dentre as principais obras de transmissão de caráter licitatório e que se estima que sejam incluídas nos próximos leilões de transmissão de 2022, a EPE mostra que três estados terão obras para reforçar o sistema de transmissão para dar apoio ao escoamento de energia gerada a partir da fonte solar.
No Espírito Santo, as obras propostas na SE (subestação) João Neiva visam viabilizar a transferência de excedentes energéticos, provenientes de fontes renováveis (eólicas e solares) das novas usinas localizadas nas regiões Norte de Minas Gerais e Bahia, para a região do Espírito Santo
Já em Minas Gerais, os reforços estruturais indicados irão propiciar o escoamento do potencial de energia solar fotovoltaica do Norte de Minas Gerais, possibilitando a conexão de cerca de 12.000 MW de geração na região norte do estado.
E, por fim, no Rio de Janeiro o sistema de 500 kV permitirá ampliar a capacidade de escoamento de energia na região sudeste e propiciarão um eixo de transmissão robusto para contribuir para o escoamento de geração eólica proveniente da região Nordeste, e solar da região de Minas Gerais.
Segundo Bernardo Marangon, sócio da consultoria Exata Energia, a construção destas linhas é fundamental para o escoamento da energia renovável, proveniente do Nordeste e do Norte de Minas Gerais, para a região sudeste. Ele ainda destaca que soluções de armazenamento poderiam ser avaliadas em substituição a algumas linhas, principalmente no caso da solar, que concentra muita geração em um determinado período do dia.
“Acredito que a solução do armazenamento seja competitiva em algum momento, dado a grande ociosidade das linhas que serão construídas para o escoamento solar, para mim, o armazenamento faz muito mais sentido se visto como uma solução alternativa a transmissão de energia, do que uma responsabilidade do gerador de energia para otimizar sua conexão”, avalia.
Outro ponto importante levantado por José Marangon Lima, sócio da MC&E, é que sendo a transmissão um investimento de longo prazo, não está se vislumbrando avanços tecnológicos que já estão presentes hoje e com mais intensidade neste horizonte.
“Além do armazenamento, outro exemplo é o aumento significativo da carga na região Nordeste em função da introdução da indústria do hidrogênio verde que poderá escoar todo o potencial renovável da região tornando ociosas as linhas previstas para aumentar a capacidade de exportação dessa região para o Sudeste. Nessa região não podemos esquecer da intensificação da geração distribuída (com net-metering ou no Mercado Livre), que deverá estabilizar o crescimento da carga líquida no futuro próximo”, pontua.