Segundo levantamento realizado pelo Datafolha para a Abraceel (Associação Brasileira de Comercialização de Energia), 8 entre cada 10 brasileiros querem ter o direito de escolher o fornecedor de energia elétrica, tendo direito a fazer a portabilidade da conta de luz.
Os números fazem parte da pesquisa anual “Opinião sobre o Setor Elétrico”, que ouviu 2.088 pessoas em 130 municípios brasileiros. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.
De acordo com o estudo, o desejo segue em patamar elevado em todas as segmentações de renda, escolaridade e classe social, até mesmo entre os mais idosos e menos favorecidos.
A pesquisa foi divulgada em meio ao processo de abertura do mercado de energia elétrica aos consumidores brasileiros, proposta pelo MME na Portaria Normativa nº 50/2022.
Gostaria de poder escolher?
Entre os brasileiros acima de 60 anos e entre aqueles que compõem as classes D e E da população, o Datafolha relatou que 7 em cada 10 gostariam de escolher o fornecedor, um patamar elevado e pouco distante das outras faixas de idade (8 em cada 10 brasileiros com idade entre 16 e 59 anos) e renda (9 em cada 10 na classe A/B e 8 em cada 10 na classe C).
Mesmo entre aqueles com menor nível de escolaridade (ensino fundamental), renda familiar (menos que um salário mínimo) e ocupação (brasileiros fora da população economicamente ativa), 7 em cada 10 brasileiros querem ter o direito de trocar de fornecedor de energia elétrica.
“Fazemos escolhas todos os dias, o que independe de classe social e renda. Com energia elétrica, o caminho é também poder fazer escolhas. Teremos um forte e-commerce para isso, mas teremos também lojas físicas com atendentes e suporte para escolha de produtos”, avaliou Rodrigo Ferreira, presidente-executivo da Abraceel.
Todo mundo tem um celular hoje e para isso optou entre diversos fornecedores e pacotes disponíveis. Em energia vai ser assim. Na verdade, já é assim em mais de 36 países”, ressaltou.
O que acontecerá com o preço?
Caso a portabilidade da conta de luz pudesse ser efetivada no Brasil, a expectativa é obter preços mais baixos. Mais da metade dos brasileiros (54%) acredita que o custo da energia elétrica tende a diminuir– o restante considera que o valor não vai mudar (22%) ou vai aumentar (20%). Já 4% não opinaram.
A expectativa de obter preços mais vantajosos se espalha indiferentemente à renda, à escolaridade e à classe social. Entre os que têm mais de 60 anos, estudaram o ensino fundamental, pertencem às classes D/E, ganham até um salário mínimo e não pertencem à população economicamente ativa, 5 entre cada 10 brasileiros esperam que o preço diminua com a possibilidade de trocar a empresa fornecedora.
Caso a possibilidade de escolher o fornecedor de energia elétrica fosse implantada de forma ampla e universal no Brasil, 7 em cada 10 brasileiros exerceriam o direito e trocariam de empresa, motivados pelo preço (63%), busca por fontes renováveis (20%) ou qualidade no atendimento (16%).
Avaliando os dados de forma estratificada, a Abraceel afirmou que mais da metade dos brasileiros mais idosos e menos favorecidos optariam por novas empresas fornecedoras, mesmo que em menor intensidade que os mais jovens e ricos.
Responsabilidade
A pesquisa também questionou os entrevistados sobre a responsabilidade pelo preço da energia elétrica. Para 69% dos brasileiros, deputados federais e senadores são os principais culpados pela elevação nos custos da eletricidade nos últimos anos.
Gestão familiar
Segundo a Abraceel, a escalada das tarifas de energia elétrica nos últimos anos causou estragos na gestão do orçamento familiar dos brasileiros, com redução do consumo relacionado ao bem-estar.
Entre os entrevistados, 85% passaram a economizar energia elétrica nos últimos 12 meses para reduzir o valor da conta de luz, 72% deixaram de comprar itens que consumiam para pagar a conta de luz e 44% deixaram de pagar alguma conta de consumo elétrico no último ano.
Além disso, o estudo mostrou que dois em cada três brasileiros gostariam de poder comprar energia elétrica de diversos fornecedores até o fim deste governo. Este desejo é ainda maior quando o prazo para ter liberdade de escolha se estende para o próximo governo. Nesse caso, 73% dos brasileiros gostariam de poder comprar energia elétrica de diversos fornecedores diferentes.