As concessionárias de energia estão incluindo em seus projetos estudos climáticos futuros. O principal objetivo é proteger os ativos e manter a operação em um cenário no qual as linhas de transmissão estão sendo impactadas cada vez mais por eventos climáticos como descargas elétricas e incêndios mais recorrentes.
Durante o II EMSEA (Encontro Nacional de Mudanças Climáticas Para o Setor de Energia e Agronegócio), realizado pela Climatempo, as empresas participantes destacaram que estão realizando análises de modelos meteorológicos futuros para realizar adaptações e medidas de mitigação do impacto climático sobre as linhas de transmissão.
“Não basta hoje olhar apenas o histórico dos eventos, porque o cenário mudou com o aquecimento global, então são necessárias análises de modelos meteorológicos futuros para que sejam feitas adaptações e medidas de mitigação dos impactos nas linhas”, afirmou Sergio Antezana, superintendente de transmissão da Alupar.
“Desta forma, conseguimos, por exemplo, realizar a poda da vegetação de forma mais inteligente em áreas com risco de incêndio ou identificar onde pode haver chuvas fortes e enviar equipes que atuem rapidamente no caso de desligamento”, acrescentou.
Na avaliação da Climatempo, para contribuir com as questões de transição energética e de descarbonização, o segmento de transmissão necessita atualmente de mais infraestrutura para levar a energia renovável primordialmente gerada no Norte e Nordeste do Brasil para os grandes centros de consumo do Sul, Sudeste e Centro Oeste.
“A geração elétrica brasileira hoje é 90% renovável, mas são necessárias mais linhas de transmissão para ajudar a promover a transição energética nacional, limpando o consumo nos grandes centros”, observou Dominic Schmal, diretor de ESG da EDP.
Cenário das linhas de transmissão
Em 2023, foram leiloados mais de 10 mil quilômetros de linhas de transmissão. Ana Carolina David, gerente de Comunicação, Sustentabilidade e Relações Institucionais da ISA CTEEP, ponderou que o desafio será implementar os novos projetos com tecnologia de baixa emissão de carbono e uma infraestrutura adaptada às mudanças climáticas.
“Temos realizado estudos para adotar medidas adaptativas nos projetos, porém os eventos climáticos mais extremos são realidade e o desafio é trazer essa discussão dos impactos também para a regulação do setor”, apontou Ana.
Neste contexto, a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) realizou tomada de subsídios no primeiro semestre do ano para avaliar a necessidade de intervenção regulatória associada ao aumento da resiliência a eventos climáticos nos sistemas de transmissão e distribuição.
Segundo Djane Fontan Melo, coordenadora da Secretaria de Inovação e Transição Energética da ANEEL, a Agência está atenta ao fluxo da energia limpa para as áreas de maior consumo e aos desafios de resiliência das linhas frente aos eventos climáticos extremos, como maneiras de colaborar com a transição energética e garantir a segurança energética brasileira.
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