O diretor-geral da CZARNIKOW Brasil, Tiago Medeiros, disse que a abertura do mercado varejista traz um risco setorial que, em sua avaliação, não está devidamente calculado.
“O mercado livre para o varejista vai trazer uma questão que envolve o risco de performance, que não está muito bem medido, uma vez que você substitui o papel das distribuidoras pelo de uma companhia que é bem menor do ponto de vista de balanço financeiro”, explicou durante participação no Lefosse Energy Day, em São Paulo, na quinta-feira (08).
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A CZARNIKOW Brasil é uma trade de commodities que comercializa 15% de todo o açúcar do mundo. Há dois anos passou a atuar no mercado livre de energia brasileiro e já transaciona 700 MW médios por mês.
Medeiros disse que se surpreendeu com o tamanho do risco do mercado de energia brasileiro que, segundo ele, é do tamanho do mercado de açúcar, transacionando cerca de US$ 35 bilhões por ano, além de os dois movimentarem cinco vezes o lastro de produção.
“Quando a gente olha o perfil de risco, a gente está falando de companhias com capital social a partir de R$ 10 milhões que, comparado ao risco que essas empresas carregam, é muito baixo”, opinou o executivo.
De acordo com Medeiros, a diferença entre os dois mercados é que a volatilidade de preço do mercado de energia é três vezes maior quando comparado ao mercado de açúcar.
“Só que no mercado de açúcar eu tenho uma bolsa que todo dia ela zera minha posição. Então, eu só tenho o risco de um dia entre o momento da contratação e o momento da entrega. No mercado de energia isso não acontece, esse risco vai se acumulando no dia a dia e chega no momento da entrega eu posso ter uma exposição gigantesca”, explicou o executivo.
Para ele, o mercado livre traz oportunidades e desafios, e que a tendência é caminhar na direção de mercados mais maduros, onde em algum momento surgirá um clearing house– instituição responsável pela liquidação e compensação de ativos do mercado financeiro.
“A gente tem nas comercializadoras posições proprietárias bastante grandes. Quando o consumidor olha para a comercializadora, eu acho que ele não tem ideia do tipo de risco que essa comercializadora está adotando”, disse.
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