Recentemente, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) publicou a norma ABNT NBR IEC 61215-1:2024 – Módulos fotovoltaicos terrestres (FV) – Qualificação de projeto e aprovação de tipo – Parte 1: Requisitos de ensaio.
Segundo a ABNT, a norma foi elaborada pela ABNT/CEE-253 – Comissão de Estudos Especiais de Energia Solar Fotovoltaica – e é tradução da IEC 61215-1:2021. Antes de ser publicado, o documento foi submetido à Consulta Nacional neste ano entre 9 de maio e 10 de junho.
Na divulgação da norma, a ABNT informou que a medida visa estabelecer requisitos mínimos de qualidade de projeto de módulos fotovoltaicos terrestres. O documento define uma série de ensaios que os módulos devem passar para serem considerados qualificados.
Em entrevista ao Canal Solar, o responsável técnico da Ecori, João Souza, que participou da comissão que traduziu a IEC, comentou os pontos principais que o mercado brasileiro deve ficar atento.
Ele destaca que para os grandes fabricantes de módulos seguirem os requisitos de segurança e qualidade, requisitos mínimos de qualidade e segurança, como a IEC 61215 e IEC 61730, já é algo comum. O que deve mudar agora é como os demais players atuam neste quesito.
“A única coisa que na prática vai acontecer no mercado brasileiro é que os fabricantes que ainda não realizam testes que visam verificar a qualidade e a segurança mínima, terão que começar a seguir esses requisitos mínimos, que já são padrão internacional”, explicou.
Ele ainda esclarece que a ABNT adotar uma IEC, simplesmente traduzindo a norma é algo comum. “A ABNT, em alguns casos, pode simplesmente adotar uma IEC e apenas traduzi-la para publicar uma NBR, como ocorreu neste caso. Também como foi outro caso da publicação da NBR 62116, que é uma ABNT NBR IEC”, comentou.
Questionado sobre a data de vigência da norma e sua obrigatoriedade, Souza afirmou que a norma está vigente e esclareceu que as normas da ABNT são indicadas para garantir maior segurança dos processos, construções, instalações e circulação de documentos.
Ele ainda pontuou que para que uma ABNT NBR se tornar obrigatória, a obrigatoriedade deve constar de uma lei que define em quais situações ela deve ser adotada.Mas quais são os ensaios e o que muda no setor fotovoltaico brasileiro?
O Canal Solar teve acesso à ABNT NBR IEC 61215-1:2024 e conversou com fabricantes de módulos fotovoltaicos para compreender como a publicação da norma pode impactar o setor fotovoltaico brasileiro.
O documento lista 21 diferentes ensaios:
- MQT 01: Inspeção visual
- MQT 02: Determinação da potência máxima
- MQT 03: Ensaio de isolamento elétrico
- MQT 04: Medição dos coeficientes de temperatura
- MQT 06.1: Desempenho em STC
- MQT 07: Desempenho em baixa irradiância
- MQT 08: Ensaio de exposição em condições externas
- MQT 09: Ensaio de resistência a ponto quente
- MQT 10: Pré-condicionamento em radiação UV
- MQT 11: Ensaio de ciclos térmicos
- MQT 12: Ensaio de congelamento de umidade
- MQT 13: Ensaio de calor úmido de estanqueidade
- MQT 14: Robustez de terminação
- MQT 15: Corrente de fuga em condições úmidas
- MQT 16: Ensaio de carga mecânica estática
- MQT 17: Ensaio de granizo
- MQT 18: Ensaio térmico do diodo de desvio
- MQT 19: Estabilização
- MQT 20: Ensaio de carga mecânica cíclica (dinâmica)
- MQT 21: Ensaio de degradação induzida por potencial
- MQT 22: Ensaio de flexão – apenas para módulos flexíveis
Na avaliação dos fabricantes de módulos fotovoltaicos ouvidos pelo Canal Solar, a publicação da norma representa um avanço significativo para o setor de energia solar no Brasil.
Para eles, ao estabelecer critérios para a qualificação de módulos fotovoltaicos, a ABNT ajuda a garantir a qualidade e a confiabilidade dos sistemas fotovoltaicos instalados no país.
“A publicação da NBR representa um avanço significativo no reforço das normas brasileiras quanto à caracterização e qualificação do design de módulos fotovoltaicos, bem como na harmonização dos requisitos e testes essenciais para os profissionais e empresas brasileiras do setor, graças à sua disponibilidade em português”, pontuou Murilo Bonetto, gerente de Pesquisa & Desenvolvimento da Sengi.
Ele ainda destaca as mudanças significativas que a norma traz, como testes de cargas mecânicas cíclicas, teste de degradação induzida por potencial. De acordo com Bonetto, isso se dá justamente para adequar a norma em vista do aumento expressivo no tamanho dos módulos fotovoltaicos modernos
“Novos procedimentos de estabilização também foram incluídos, levando em conta o mecanismo de degradação LID, originário dos complexos de Boro-Oxigênio, que são comuns nas células de silício-cristalino modernas, visando assegurar uma previsão mais precisa da performance dos módulos a longo prazo”, acrescentou.
Já Anderson Escobar, gerente Técnico LATAM da Astronergy, ressaltou que a publicação da norma equaliza o Brasil aos outros mercados internacionais. “A publicação da norma ABNT NBR IEC 61215-1:2024 é extremamente benéfica para o mercado brasileiro, pois equipara as normas nacionais aos parâmetros exigidos a níveis internacionais”, comentou.
“Empresas que não conseguem atender às rigorosas exigências de qualidade precisarão se adequar e, com isso, o mercado todo se beneficia elevando o nível dos produtos disponíveis no Brasil. Reforçando seu compromisso com a excelência e qualidade, além de certificar os módulos produzidos, a Astronergy possui um Laboratório de Testes certificado em sua fábrica para atestar a qualidade dos módulos”, completou Escobar.
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3 respostas
muito bom agora fica mais definido .
Os Módulos são certificados por Laboratórios creditados pelo Inmetro dentro e fora do Pais o que muda ?
Estas exigências listadas na matéria já não são seguidas por Laboratórios creditados ?
Excelente matéria,/abordagem, num mercado em franco crescimento e extremamente competitivo, é importante termos as normas no mercado Brasileiro, totalmente compatíveis com as normas internacionais salientando os pontos principais( no mercado Nacional).
E as normas NBR ABNT IEC , compatíveis, vem a reforçar um importante marco para a Equalização, primando pela excelência na qualidade dos Fabricantes inseridos na Geração Fotovoltaica em nosso País.