O MME (Ministério de Minas e Energia) lançou oficialmente, nesta quinta-feira (07), o PDE 2031 – o Plano Decenal de Expansão de Energia, cujo principal objetivo é indicar quais são os planos e as perspectivas para o setor energético no Brasil no horizonte dos próximos dez anos (2022 a 2031).
O principal tópico do documento, que conta com mais de 400 páginas, estima que o segmento de micro e minigeração distribuída alcançará a marca de 37 GW de potência instalada no Brasil em 2031, beneficiando, com isso, pouco mais de quatro milhões de unidades de geração.
O estudo elaborado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), com apoio e supervisão do MME, destaca ainda que a solar vai se manter como a principal fonte no segmento, respondendo por cerca de 93% de toda a expansão. Ou seja, pouco mais de 34 GW dos 37 GW previstos para toda a modalidade.
As simulações para os próximos dez anos consideraram ainda que o crescimento do uso de módulos bifaciais em projetos será uma tendência cada vez maior. “Em comparação com o PDE 2030, a fonte solar fotovoltaica teve o tempo de vida útil aumentado de 20 para 25 anos, levando em conta informações de projetos típicos desse tipo de tecnologia”, destaca o documento.
Geração distribuída
A nova projeção apresentada pelo PDE 2031 para a GD representa um aumento de cerca de 20% em relação ao PDE 2030. Nesse cenário, o segmento, em conjunto com a autoprodução, representará 17% da matriz elétrica nacional, estimada em 275 GW ao final do horizonte decenal.
A EPE indica ainda que a micro e minigeração distribuída deverá contribuir com aproximadamente 7% da carga nacional. O documento também analisou a competividade de baterias atrás do medidor, assinalando que o custo desse equipamento ainda é elevado no Brasil, dificultando a sua entrada até o final de 2031.
No entanto, a EPE ressaltou que uma queda de custos além do previsto pode alterar as projeções para essa tecnologia e pode haver ainda a inserção dessa tecnologia em função de outros fatores não econômicos, como a substituição da geração diesel em comércios.
Geração centralizada
De acordo com o plano nacional, o Brasil deverá registrar uma expansão de 5,8 GW em projetos de geração centralizada, sendo 3,1 GW em empreendimentos já contratados, e indicativo de 2,7 GW adicionais. Ao todo, a fonte representará cerca de 3,8% do total da matriz de energia elétrica em 2031.
A EPE aponta ainda que 83% da capacidade instalada de geração elétrica do país ao final do ciclo decenal será renovável, sendo as fontes eólica e solar responsáveis por 27,7% da expansão centralizada.
Hidrogênio, petróleo e usinas híbridas
O PDE 2031 projeta também que, diante do cenário de crescimento econômico estimado de 2,9% ao ano, serão necessários investimentos da ordem de mais de R$ 3,2 trilhões nos próximos dez anos, sendo R$ 2,7 trilhões relacionados a petróleo, gás natural e biocombustíveis, e quase R$ 530 bilhões a geração e transmissão de energia elétrica.
Vale pontuar ainda que o novo PDE trouxe, pela primeira vez, um capítulo referente ao hidrogênio que, em escala mundial, é considerado como uma fonte com grande potencial para descarbonização da matriz energética.
“Outro aspecto importante sobre as fontes eólica e solar fotovoltaica é a possibilidade de ‘hibridização’, ou seja, a conexão conjunta de usinas fotovoltaicas e eólicas, discutida pela primeira vez no PDE 2027, bem como em outros trabalhos já publicados pela EPE nos últimos anos”, destaca o documento, na página 85.
“Ademais, a recente regulamentação de usinas híbridas e associadas, por meio da Resolução Normativa ANEEL nº 954/2021, reforça a importância do tema. Para fins de modelagem, essas fontes são consideradas de forma individual nos estudos do Plano, o que não afeta o desenvolvimento de projetos “associados”, que poderão compartilhar física e contratualmente a infraestrutura de conexão e uso do sistema de transmissão”, ressalta o trecho.