Dando sequência a uma série de depoimentos colhidos das principais empresas do setor solar no Brasil, conversamos com Fernando Castro, vice-diretor de vendas da Risen Energy Brazil, responsável pela estruturação do canal de vendas da empresa no Brasil.
A Risen é uma das principais fabricantes mundiais de módulos fotovoltaicos e aposta forte no mercado brasileiro, acreditando que a fonte solar veio para ficar no Brasil.
Artigos anteriores desta série: Fronius acompanha mudanças da RN 482 e O Brasil não é para principiantes: Energia solar sob o chapéu da incertez
Opinião de Castro sobre a REN 482
Segundo dados recentes, a geração fotovoltaica centralizada e a distribuída correspondem a 1,3% e 0,6%, respectivamente, do total da matriz energética do Brasil, o que significa muito pouco no todo.
Assim, acredito que as mudanças propostas pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) são equivocadas dos pontos de vista técnico e estratégico, indo ma contramão do mercado, pois estão superprotegendo as concessionárias e distribuidoras num mercado que é muito pequeno ainda (menos de 2% do total da geração de eletricidade do país).
Além disso, devemos considerar que a energia fotovoltaica aparece como a melhor alternativa ambiental para substituir fontes como termoelétricas, carvão mineral e nucleares.
As usinas fotovoltaicas têm um tempo de implantação pequeno (tipicamente menor do que dois anos) e podem ser muito vantajosas economicamente para o país, permitindo o rápido acréscimo da capacidade de geração de energia elétrica, enquanto usinas de outros tipos levam mais de 5 anos para sua construção.
Além disso, os investimentos na geração solar podem ser feitos pela iniciativa privada, tornando desnecessários investimentos públicos.
Tendo em vista a situação e o histórico do setor elétrico brasileiro, quando ocorrer a esperada retomada da economia e da indústria (a exemplo do que ocorreu nos apagões de 2001 e 2013), vai faltar energia elétrica e novas usinas precisarão ser construídas.
O avanço da inserção da fonte solar, seja na geração distribuída ou na geração centralizada, pode reduzir os impactos do crescimento da economia sobre o setor elétrico, minimizando um novo risco de racionamento de eletricidade.
Embora eu reconheça que as regras para a geração solar tenham a necessidade de ser discutidas, penso que neste momento a discussão é inoportuna.
Talvez faça sentido essa discussão no momento em que a geração fotovoltaica passar a representar mais de 10% do total da matriz de geração elétrica.
No patamar atual, enquanto a fonte solar representa apenas 2% da geração total de eletricidade no Brasil, a discussão sobre as mudanças de regras para a geração distribuída (na qual a fonte solar predomina) me parece ser principalmente uma discussão com o objetivo de criar barreiras comerciais, totalmente fora de sintonia com a tendência mundial de incentivo à fonte solar.
Enfim, espero o pessoal da ANEEL ouça os anseios da população e das empresas do setor de energia solar e tenham a necessária sabedoria para suspender essa iniciativa de mudança fora de hora, dando lugar a uma discussão mais ampla e detalhada, considerando não somente aspectos financeiros, mas também ambientais e sociais, lembrando que o setor de energia solar fotovoltaica emprega muitas pessoas no Brasil.
Contato
Fernando Castro
+55-11-95266-2480
www.risenenergy.com