GD solar deve crescer cerca de 8 GW em 2022

Leandro Martins, presidente da Ecori, e Gustavo Tegon, diretor de negócios da Esfera Solar, traçam perspectivas para o setor
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GD solar possui, atualmente, 7,9 GW de potência instalada. Foto: Rodolfo Carvalho

A GD (geração distribuída) solar no Brasil deve crescer aproximadamente 8 GW em 2022, atingindo um total de quase 16 GW de potência instalada. Esta é a previsão de Leandro Martins, presidente da Ecori, e Gustavo Tegon, diretor de negócios da Esfera Solar.

Durante o webinário “Tendências do setor fotovoltaico para 2022”, promovido pelo Canal Solar nesta terça-feira (14), os dois executivos traçaram as perspectivas para o mercado e apontaram quais desafios devem surgir no próximo ano.

“O setor deve estar mais estabilizado em 2022. Todos os fabricantes, sejam de wafers, células ou módulos estão aumentando a produção, ou seja, vêm ganhando uma escala maior. Quando você olha a projeção futura, ninguém fica parado”, disse Tegon.

“A cadeia vem crescendo. Estamos num campo de mina de ouro. A única certeza que tenho é que vamos instalar muito”, enfatizou.

Martins também enxerga com otimismo as perspectivas para o segmento de geração distribuída em 2022. “Projeto um cenário de 7,7 GW, um setor com novos produtos lançados recentemente na Intersolar, soluções cada vez mais inteligentes e viáveis financeiramente”.

Na visão dele, o mercado começa a entrar em uma nova era. “Com a entrada da tecnologia 5G no país, veremos soluções cada vez mais interativas com um ecossistema de conectividade rumo ao futuro das cidades inteligentes”.

Preocupações para 2022

Em relação às preocupações, Tegon comentou que, se por um lado os fabricantes subiram sua capacidade produtiva e melhoraram a logística dos painéis, por outro lado “acabamos de sair da COP 26 falando que todo mundo vai virar renovável”. Segundo ele, isso significa que a tendência é que a demanda se eleve ainda mais.

“A França, por exemplo, que não é muito representativa em solar, de um ano para o outro cresceu 130% o consumo de placas fotovoltaicas. Mas aí falam: saiu de X para Y e não chega nem aos pés do Brasil. A Índia dobrou e é do tamanho do Brasil”, exemplificou.

De acordo com ele, o mundo está passando por uma revolução e o setor elétrico está encabeçando isso. “Inclusive, os VEs (veículos elétricos) estão batendo na nossa porta”.

“O que temos que fazer é nos planejar corretamente. De 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2022, o que pode acontecer é a China novamente acelerar os projetos. Existe também um segundo grande player que pode fazer isso também, que é a índia. No final do ano que vem, garanto que teremos problema no suprimento de novo”, ressaltou o diretor de negócios da Esfera.

“E não só para módulos. A indústria de carros elétricos, por exemplo, está gerando um problema na indústria de inversores, já que os componentes eletrônicos estão faltando, estão com atraso”, acrescentou o presidente da Ecori.

Ano de eleições: qual impacto no setor?

Para Gustavo Tegon, dificilmente algum candidato deixará de falar sobre renováveis. “Se eles não falarem, certamente estarão fora do jogo. É muito importante o posicionamento dos presidenciáveis, principalmente pelo seguinte: qualquer besteira que falarem faz o dólar subir e descer de maneira absurda”.

“Então, se nós não tivermos uma posição clara de como o Brasil irá se portar nos próximos anos, ficaremos à mercê de não fazer nada. Lá na COP 26, por exemplo, foi dito que zeraríamos as emissões de CO2 em 2050. Quero ver o plano, não uma fala. Quero ver um plano de quem quer que esteja lá dentro. Precisamos saber para que o nosso setor continue crescendo”, relatou.

Dados atualizados da GD Solar

De acordo com dados da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), a geração distribuída fotovoltaica possui, atualmente, 7,9 GW de potência instalada. “Em 2021, se fecharmos em 4 GW o crescimento da GD solar, estamos falando de uma alta de 70%”, disse Leandro Martins.

Em 2020, por exemplo, a geração distribuída atingiu 4,7 GW de potência. Já em 2019, era de 2,1 GW. Ou seja, de um ano para o outro houve uma alta de 125%.

Leia mais: GD solar já supera em 2021 a potência instalada do ano inteiro de 2020

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Mateus Badra
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020.

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