MUNIQUE, ALEMANHA. A Intersolar Europe completou 30 anos em grande estilo. Entre os dias 6 e 8 de outubro, a feira realizada em Munique, Alemanha, contou com quatro setores expositivos e apresentação de diferentes produtos e serviços.
O evento, que teve como foco a energia solar em combinação com o armazenamento, contou com a presença do Canal Solar no local. A feira abordou temas como mobilidade, sistemas de energia inteligentes, tecnologias inovadoras e novos modelos de negócio.
A Intersolar Europe também ofereceu workshops e palestras realizadas por participantes renomados no setor solar internacional. Os participantes da feira puderam ver de perto a aceleração do setor solar no mundo e suas tendências.
Destaques da Intersolar Europe
Dentre as inovações, foram apresentados sistemas agrivoltaicos e flutuantes. Outro destaque foi o lançamento de módulos tipo N, apresentados por fabricantes como Risen, LONGi e JA Solar.
A primeira empresa inovou com o módulo de 700 W de potência e 210 mm de células. Segundo a fabricante, é o primeiro módulo da indústria, “produzido em massa”, com uma potência nominal de até 700 W.
A LONGi, por sua vez, apresentou seu novo módulo Hi-Mo N. Segundo a fabricante, o novo painel oferece 1% a mais de eficiência absoluta do que seu predecessor PERC tipo p.
Quem também apresentou seu painel tipo N foi a Jolywood, com o módulo JW-HD132N – wafers de 210 mm construídos com a tecnologia de células TOPCon 2.0 tipo N da empresa. De acordo com a empresa, o painel pode atingir eficiência de até 25,4% no laboratório.
A JA Solar também apresentou seu módulo Type-N com um potência de 620 W, 182 mm, com tecnologia de meio- corte e multi barras.
Os sistemas de armazenamento de energia também receberam destaque na feira. A tecnologia pode ser utilizada para otimizar o consumo de energia, seja através da utilização em residências, empresas ou recarregamento de carros elétricos, além de trazer confiabilidade no consumo de energia.
A ideia é que se torne cada vez mais comum o uso de painéis fotovoltaicos em conjunto com os equipamentos de armazenamento.
Vencedores do prêmio Intersolar 2021 participam do evento
Em julho deste ano, o prêmio Intersolar homenageou empresas que se destacaram nas categorias de novo modelos de Projeto, Energia Renovável Inteligente, Fotovoltaica e Armazenamento de Energia Elétrica, tecnologias que contribuam para fornecimento de energia inteligente, sustentável e rentável.
As empresas premiadas receberam as honras através de uma cerimônia transmitida ao vivo, do 21 a 23 de julho deste ano. De quebra, os vencedores e finalistas ainda puderam apresentar suas inovações durante o evento da Intersolar Europe, em Munique.
As empresas ganhadoras foram a DuPont Teijin Films: filmes fotovoltaicos feitos de material reciclado, aGoldbeck Solar: sistema de construção fotovoltaica para agricultura e Co., Solar LONGi: potência nominal e eficiência do Hi-MO5.
Na área de armazenamento, entre as empresas finalistas do Prêmio Intersolar 2021 está a Enphase Energy, com seu sistema de armazenamento “Encharge”. Oferecido em dois tamanhos diferentes, esse sistema de armazenamento tem uma capacidade de 3,5 até 10,5 kWh, podendo outras unidades serem acopladas posteriormente, aumentando até quatro vezes a sua capacidade.
Eletrificação
A mobilidade elétrica também foi o centro das atenções para muitos curiosos que se aproximaram de alguns dos 30 estandes de fornecedores de carros elétricos que participavam do evento.
O papel da mobilidade elétrica na transição energética, a infraestrutura e armazenamento de energia em baterias no conceito de veículos híbridos e 100% elétricos mostram a importância do setor de transporte, utilizando sistemas fotovoltaicos assim como outras fontes de energia limpa.
Quem andava pelos corredores do evento, pôde se deparar com inúmeras novidades. Robôs programados para limpeza de painéis solares, sob comando de controle remoto ou automático, assim como drones para detectar defeitos em estações fotovoltaicas e equipamentos de alta tecnologia desenvolvidos para auxiliar na instalação das estruturas de placas solares.
Dentro das inúmeras novidades dentro do evento, dois setores do ramo fotovoltaico estão crescendo e marcaram presença na Intersolar, empresas de agrivoltaico e painéis solares flutuantes.
A empresa italiana RemTec apresentou seu sistema agrivoltaico que pode ser utilizado, inclusive, em plantações de uvas para a produção de vinho, levando ao evento uma pequena maquete de demonstração que causou curiosidade nos visitantes, que ficaram encantados com a capacidade de produção no setor agro através de energia limpa.
Este tipo de aplicação é utilizada por países europeus e asiáticos como uma possível alternativa aos parques solares convencionais, possibilitando a coexistência da produção agrícola e a geração de energia solar no mesmo espaço de terra.
Outro destaque foi a firma alemã Zimmerman, com seu equipamento fotovoltaico flutuante. O setor ainda está em fase de crescimento na Alemanha. Esses sistemas são desenvolvidos para serem instalados em superfícies de água calma, sustentado por estruturas também flutuantes. Estações frias, com gelo, ou épocas de seca não interferem no funcionamento do equipamento.
Além das exposições em quatro setores, os visitantes ainda puderam assistir às palestras e workshops que tiveram como tópicos questões climáticas e as suas soluções e tecnologias de energias renováveis.
Entre os palestrantes, o renomado jornalista e ativista Dr. Franz Alt, que ministrou a palestra “Depois da Covid e após a enchente: moldando nosso futuro, de novo”. Durante sua fala, ele abordou também a responsabilidade do governo para a aceleração e investimento no setor de energias renováveis e cita: “A transição energética não é uma assassina de empregos”.
Intersolar reaviva o otimismo na indústria solar da Alemanha
Com os preços de equipamentos e módulos em falta e com altos preços, a Alemanha inicia seu plano para uma independência maior da China. O país asiático anunciou um racionamento de energia no país que afetou bruscamente a produção de painéis solares que são exportados para a Europa.
Além disso, o preço do gás e do carvão tem previsão de aumento ainda para este ano, fazendo com que os países europeus busquem o mais rápido possível soluções cabíveis para a continuidade na construção de sistemas fotovoltaicos.
Segundo a PV Magazine da Alemanha, atualmente, na Saxônia, estão sendo construídas duas novas fábricas de módulos solares, um investimento feito pela empresa Suíça Meyer-Burger, aplicando 145 milhões de euros e gerando cerca de 300 empregos do setor de energia solar, mas o objetivo é que até 3.500 empregos sejam gerados.
Em entrevista concedida à PV Magazine, Michael Nöding, Gestor de Contas para empresas de Engenharia, Aquisições e Construção (EPC), na Alemanha, o país precisa encontrar uma alternativa não asiática. Ele acredita que essa dependência para com a China interfere nos preços dos módulos e matérias-primas.
Segundo Nöding, se faz necessária uma produção fotovoltaica em larga escala na Europa para atender a demanda, pois no momento existe uma baixa oferta de produtos e uma procura extremamente elevada.