Das 29 usinas contratadas no primeiro leilão de energia nova do ano, apenas cinco foram de energia solar. Trata-se de um volume aquém das expectativas do setor e da própria necessidade do país, segundo avaliação da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica).
Isso porque, mesmo com os menores preços-médios negociados no certame (deságio de 20,78% em relação ao preço inicial de R$ 225,00/MWh), os arremates ficaram abaixo quando comparados com a grande quantidade de projetos solares participantes do leilão.
“Além disso, o Governo Federal comprou mais eletricidade de fontes mais caras, uma decisão onerosa e que será paga pelos consumidores brasileiros. Estamos decepcionados com este resultado”, disse Rodrigo Sauaia, presidente executivo da ABSOLAR.
De acordo com a avaliação da entidade, se tivesse sido contratados o mesmo montante de biomassa ao preço das usinas solares, a economia seria de R$ 1,47 bilhão. E, no caso da comparação entre o preço da fonte fotovoltaica com o valor contratado das PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétrica), a economia no bolso dos consumidores seria de R$ 1,52 bilhão.
“Vale lembrar que as usinas solares de grande porte geram eletricidade a preços até dez vezes menores do que as termelétricas fósseis e, graças à versatilidade e agilidade da tecnologia fotovoltaica, são menos de 18 meses desde o leilão até o início da geração de energia elétrica. Assim, a solar é reconhecidamente campeã na rapidez de novas usinas de geração”, afirmou Sauaia.
Os projetos solares contratados pelo LEN A-4 de 2022 estão localizados na região Nordeste, no estado de Pernambuco. Ao todo, as cinco novas usinas totalizam 166 MW de potência e os novos investimentos nesses projetos ultrapassam R$ 687,3 milhões.
“Mais de dois terços da energia elétrica que será gerada pelas usinas de Pernambuco serão destinados às distribuidoras no ACR (Ambiente de Contratação Regulada). O restante poderá ser negociado no ACL (Ambiente de Contratação Livre), onde os preços variam normalmente para cima, contribuindo para os resultados econômicos dos projetos”, frisou Sauaia.
Resultado do Leilão A-4
No Leilão A-4 sagraram-se vencedores 29 empreendimentos, totalizando quase 950 MW de capacidade instalada e 237,5 MW médios de energia contratada. O leilão registrou deságio médio de 9,36%, o que representa economia de R$ 1 bilhão para os consumidores de energia das distribuidoras participantes.
Entre os empreendimentos, a participação da fonte hidrelétrica foi o principal destaque, tendo sido contratadas 14 PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) e quatro CGHs (Centrais Geradoras Hidrelétricas), com 190 MW de capacidade instalada e R$ 2,1 bilhões em investimentos.
Foram vencedoras quatro usinas eólicas distribuídas nos estados da Bahia e Paraíba e cinco usinas solares fotovoltaicas localizadas em Pernambuco. Os investimentos provenientes das fontes eólica e solar totalizam R$ 1,99 bilhão.
Entre as termelétricas foram dois empreendimentos arrematados – usinas movidas a bagaço de cana e lixívia, totalizando 409 MW de capacidade instalada e R$ 3,97 bilhões de investimento. Os contratos negociados terão início de suprimento em 2026.