A falta de chuvas e o aumento da demanda elétrica do país têm preocupado o ONS (Operador Nacional do Sistema). O Órgão já vem se preparando para aumentar a oferta de recursos energéticos nos próximos meses para garantir o atendimento aos horários de ponta de carga.
Não é de hoje que o ONS vem dando sinais sobre a situação do setor elétrico. A preocupação recai sobre os níveis dos reservatórios das hidrelétricas, fundamentais para a garantia da oferta de energia flexível e barata.
Segundo o ONS, “as perspectivas gerais são de atendimento à demanda, no entanto, já há uma sinalização para a necessidade de atenção devido a afluência abaixo da média histórica no período tipicamente úmido em curso”.
Na última reunião do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), realizada no dia 7 de fevereiro, o ONS alertou que as afluências previstas para o período de fevereiro a julho de 2024 variam entre 51% e 78%, ou seja, abaixo da média histórica.
“Mesmo se confirmadas as condições do limite superior, o índice ainda será classificado como a 5ª menor do histórico de 94 anos”, disse em nota.
Dados estimados para o final de julho apontam que a energia armazenada nos reservatórios deve variar entre 75,2% e 44,2% no SIN (Sistema Interligado Nacional).
Em janeiro, as fluências ficaram abaixo da média histórica nos submercados Sudeste/Centro-Oeste (56%), Nordeste (48%) e Norte (43%). Apenas no Sul a afluência ficou acima da média (138%).
“Os indicadores estão entre os mais baixos para a ENA [Energia Natural Afluente] no mês de janeiro. As perspectivas de curto prazo, ou seja, referentes a fevereiro de 2024, são similares”, informou o ONS.
Em dezembro, a situação foi ainda mais crítica. As afluências ficam abaixo da média no Sudeste/Centro-Oeste (59%), no Nordeste (18%) e no Norte (27%). No submercado Sul o índice ficou em 209%. Lembrando que no Sul as chuvas ficam mais intensas por causa do fenômeno climático El Niño.
O ONS já recomendou uma eventual flexibilização das influências mínimas das hidrelétricas Porto Primavera e Jupiá a partir de março de 2024, com o objetivo de melhorar as condições de atendimento futuro do SIN e a garantia da preservação dos usos múltiplos da água.
O Canal Solar analisou a ata da primeira reunião do CMSE do ano, realizada em 10 de janeiro, já que a ata de fevereiro ainda não se tornou pública. Nela o órgão destaca preocupação com os níveis de demanda máxima, superando valores acima de 100 gigawatts (GW) entre os dias 14 e 18 de dezembro de 2023.
Acrescenta que em vários dias daquele mês – em função das elevadas temperaturas, carga elevada e condição de oferta de energia reduzida – o Custo Marginal da Operação (CMO) chegou a atingir R$ 395/MWh no dia 18 de dezembro no subsistema Sudeste/Centro-Oeste.
O CMO é fundamental para a formação do PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) e dos preços de energia no mercado livre. Uma fonte de uma comercializadora disse que os preços futuros de energia no mercado livre estão aumentando à medida que o cenário hidrológico se agrava. Outro efeito do CMO alto é a possibilidade de retorno das bandeiras tarifárias, que adicionam mais custos à conta de luz dos brasileiros.
Medidas para o aumento da disponibilidade de recursos
O ONS listou algumas medidas que podem ser tomadas para o aumento da disponibilidade de recursos energéticos para atender, principalmente, os horários de ponta de consumo do Sistema Interligado Nacional.
Dentre esses recursos adicionais estão:
- Antecipar despacho de usinas termelétricas que não conseguem iniciar operação em menos de 24 horas (rampas longas);
- Operar o rio São Francisco para atendimento à ponta;
- Maximizar a disponibilidade de geração e da transmissão;
- Incentivar a Resposta da Demanda;
- Importar energia elétrica dos países vizinhos;
- Utilizar usinas termelétricas a GNL (Gás Natural Liquefeito), em configuração de ciclo aberto, e Merchant sem CVU (Custo Variável Unitário) calculado.
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