Recurso anti-PID nos inversores fotovoltaicos

A ausência de proteção contra o efeito PID pode causar o envelhecimento precoce dos módulos fotovoltaicos
Recurso anti-PID nos inversores fotovoltaicos
Em usinas solares que usam inversores com acoplamento galvânico, o PID pode ser evitado. Foto: Divulgação

O PID (potencial induced degradation, degradação induzida por potencial) é um problema que afeta módulos fotovoltaicos principalmente em usinas centralizadas ou de minigeração, que usam strings longas, com muitos módulos em série. 

O uso de strings longas faz com que os módulos estejam submetidos a potenciais elétricos de grande magnitude em relação à terra, o que pode desencadear o processo de degradação. 

Em resumo, a degradação induzida por potencial é um fenômeno que afeta os módulos fotovoltaicos cristalinos e leva à deterioração e à redução gradual da eficiência. A degradação pode chegar a 30% (em relação à potência inicial) ou mais após alguns anos. 

Alguns fabricantes de módulos já estão adotando medidas que possam minimizar ou praticamente extinguir o efeito PID nos módulos na maior parte das aplicações.

Mesmo assim, as elevadas tensões CC presentes nas strings de usinas solares de médio e grande portes são um fator que favorece a ocorrência do fenômeno. Paralelamente, alguns fabricantes de inversores estão desenvolvendo recursos anti-PID em seus equipamentos. 

Em plantas fotovoltaicas que usam inversores com acoplamento galvânico, o PID pode ser evitado de forma confiável e sem complicações através do aterramento do polo negativo da string. Isso faz com que todos os módulos tenham apenas potencial positivo, ou seja, a diferença de potencial entre qualquer módulo e a terra será sempre positiva – o que evita o efeito PID.

Recurso anti-PID nos inversores fotovoltaicos
Figura 1 – O aterramento do polo negativo evita o efeito PID, mas isso é possível apenas nos inversores com isolação galvânica. Fonte: Solis Inverter

Entretanto, plantas fotovoltaicas que empregam inversores sem transformador (que são a quase totalidade das plantas atualmente) alguns cuidados são necessários para permitir o aterramento do polo negativo da string. 

Estes cuidados são, principalmente, a presença de um sistema de detecção de fuga de corrente para a terra, a realização de teste de isolação entre os polos da string e a terra e ausência de conexão do condutor neutro ao transformador (no lado do inversor).

Se não for possível evitar o aterramento do neutro do lado do inversor, é recomendado o uso de um transformador isolador exclusivo para a conexão entre o inversor e o ponto de acoplamento com a rede elétrica.

A solução empregada em alguns inversores mais modernos é um sistema de reversão do efeito PID. Esta solução aplica uma tensão positiva entre a string fotovoltaica e a terra durante o período noturno, permitindo a reparação dos danos causados durante o dia pelo efeito PID. 

A vantagem desse método anti-PID é que pode ser usado em qualquer tipo de sistema fotovoltaico, independentemente da forma de conexão com a rede elétrica (com ou sem o condutor neutro).

Recurso anti-PID nos inversores fotovoltaicos
Figura 2 – Solução anti-PID adotada em alguns inversores. Fonte: Solis Inverter

As figuras abaixo mostram resultados da atuação do sistema anti-PID descrito acima. A primeira figura ilustra um módulo fotovoltaico danificado.

Os danos são percebidos pela ausência de luz na imagem produzida pelo teste da eletroluminescência reversa. A segunda imagem mostra o estado do módulo após 20 dias de regeneração. A terceira figura mostra o módulo recuperado, com o efeito PID revertido.

Figura 3 – Módulos fotovoltaicos antes, durante e após a aplicação do método de reversão do efeito PID. Fonte: Solis Inverter

A tabela a seguir ilustra as características elétricas do módulo fotovoltaico usado no experimento da figura anterior nestas três condições: antes da reparação, após 20 dias e após 40 dias (módulo completamente regenerado).

O sistema de recuperação do efeito PID é importante principalmente em usinas de minigeração ou geração centralizada que possuem strings longas e trabalham com tensões elevadas do lado CC. Em menor grau, o efeito pode ocorrer também em plantas pequenas. 

Embora os módulos fotovoltaicos mais recentes sejam vendidos com a promessa de serem anti-PID, a presença de um sistema anti-PID nos inversores é muito importante para evitar ou eliminar de forma definitiva a degradação dos módulos fotovoltaicos ao longo do tempo.

A ausência de proteção contra o efeito PID pode causar o envelhecimento precoce dos módulos fotovoltaicos, resultando em perdas econômicas significativas ao longo dos anos.

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Equipe de Engenharia do Canal Solar
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Uma resposta

  1. Os sistemas anti-PID até então divulgados, constam da: desconexão no período noturno dos painéis do inversor sem isolação galvânica da rede; aterramento do polo negativo da string; e conexão de fonte DC no polo positivo. Isto em tese geraria a recuperação das celulas afetadas. No horario diurno este arranjo seria desfeito e as string seriam conectadas ao inversor novamente. Aterramento desfeito e fonte de tensão desconectada. Temos idéia de qual tensão teria que ser aplicada na string?

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