O sistema de armazenamento veio para ficar?

É fundamental estar preparado para aproveitar as oportunidades desse mercado, diz diretor de negócios da Solmais
O sistema de armazenamento veio para ficar?
Foto: LuxPower/Divulgação

“O mercado de energia solar ainda está em expansão e precisa ser explorado. O sistema de armazenamento veio para ficar e é fundamental estar preparado para aproveitar as oportunidades desse mercado”. Essa é a análise de Joaquim Fernandes, diretor de negócios da Solmais.

Durante o podcast Papo Solar da última terça-feira (6), o executivo destacou que o cenário do mercado solar evoluiu significativamente nos últimos anos. Ele comentou ainda que, inicialmente, o setor solar era limitado a sistemas básicos, mas hoje, há uma mudança significativa com tecnologias mais avançadas.

Durante o bate-papo, Fernandes comentou que um dos benefícios do sistema com baterias é a independência que esse sistema traz.

“Com o sistema de armazenamento, você tem a liberdade de decidir como quer utilizar a sua energia. Por exemplo, minha prioridade pode ser usar a energia solar, mas se não houver sol, a prioridade pode ser a bateria, e, em última instância, pode-se recorrer à rede ou a um gerador. Você ganha a possibilidade de escolher como usar a sua energia, o que é o mais importante”, afirmou. 

“A segurança e o conforto são essenciais. Em muitos casos, o armazenamento de energia já tem sido uma solução importante, como para hospitais e outros locais onde a falta de energia não é uma opção”, complementou.

O diretor ainda pontuou que a aplicação de baterias em sistemas residenciais, não se tem, necessariamente, um retorno financeiro imediato, mas sim o conforto e a segurança energética. “Já no caso de pequenos produtores ou empreendedores — como mencionamos anteriormente com o exemplo do produtor de leite — o cenário é diferente”, acrescentou. 

“Esses consumidores precisam de estabilidade na rede, e, embora haja uma infraestrutura razoável, muitos ainda enfrentam dificuldades com a falta de segurança energética”, ressaltou.

“Hoje, muitos pequenos negócios estão optando por sistemas de grid-zero e armazenamento de energia. Esse tipo de sistema veio para ficar”, afirmou.

Outro ponto destacado pelo diretor de Negócios da Solmais é a redução da tecnologia, que caiu cerca de 50% no último ano.

“Há alguns anos, o custo de uma bateria de 5 kWh variava entre R$ 18 e R$ 22 mil. Hoje, uma bateria similar custa entre R$ 8 e R$ 10 mil, tornando o sistema muito mais acessível”, comentou. 

“Para uma casa com um consumo médio de 20 kWh por dia, como ocorre em muitas residências no Brasil, um sistema de backup de 5 kWh pode garantir algumas horas de energia em caso de falta de fornecimento, o que é um ganho significativo de conforto”, explicou.

O diretor citou o exemplo da cidade de São Paulo (SP), que teve apagões recentemente. “Imagine uma cidade como São Paulo, uma das maiores da América Latina, onde interrupções de energia acontecem com frequência, especialmente nos últimos anos. Ficar sem energia, mesmo por algumas horas, é uma experiência desagradável para qualquer um”, completou.

Grid-zero vale a pena?

O diretor afirmou que a solução de “grid-zero” surgiu para atender clientes com demandas específicas de consumo. 

“Por exemplo, tínhamos um cliente, como um supermercado, que possuía uma demanda contratada e não desejava aumentá-la. Para resolver isso, oferecemos a solução de grid-zero, instalando um sistema dentro da capacidade da demanda contratada, sem injeção na rede. Essa abordagem ajudou o cliente a manter o controle sobre sua demanda sem necessidade de expansão”, relatou.

“Hoje, a situação mudou. Em muitas regiões, a capacidade da rede está no limite, e a expansão de sistemas conectados à rede enfrenta barreiras”, acrescentou.

Em entrevista ao Canal Solar, a TTS energia, empresa especializada no desenvolvimento de soluções em energias renováveis, compartilhou alguns cases de projetos de grid zero.

Em parceria com o Grupo Jacto, a empresa realizou um projeto em Paulópolis (SP), implantando um sistema solar grid zero, que conecta o sistema à rede elétrica sem exportar energia. 

Este projeto conta com 11.350 módulos fotovoltaicos instalados em telhados e carports, além de 43 inversores, com uma potência de 5,54 MWp em CC (corrente contínua) e 4,58 MW em CA (corrente alternada ). 

O projeto conta com um sistema de controle DEIF, garantindo máxima performance para o cliente. Destacando-se como a maior usina em cobertura do Brasil, com uma potência total instalada de 6,40 MWp.

Crédito: TTS energia

Outro projeto desenvolvido pela TTS Energia, em em parceria com a Flex LTD, foi um sistema em Sorocaba (SP). 

A planta possui uma potência instalada de cerca de 1,35 MWp, o projeto utiliza 36 inversores de 20 kW (720 kW no total) e cinco inversores de 110 kW (550 kW total), além de 2.925 módulos fotovoltaicos. 

Crédito: TTS energia

Quer saber como eliminar a inversão de fluxo e evitar projetos negados pela distribuidora?

Participe da Aula Magna gratuita nesta quinta-feira (7) e aprenda a transformar desafios em oportunidades para seus projetos solares. Aproveite essa chance de conhecer estratégias que podem fazer a diferença na aprovação e no sucesso dos seus projetos!

https://cursos.canalsolar.com.br/curso/aula-magna

Como funciona um off-grid interativo?

Outro tópico levantado por Fernandes foi a aplicação de inversor off-grid interativo em sistemas fotovoltaicos. Ele explicou que essa solução  interage com a rede apenas como referência, sem injetar energia nela.

Ainda de acordo com ele, em caso de falta de energia, o inversor off-grid interativo pode descarregar a bateria nas cargas prioritárias de uma residência ou comércio. 

“Se você já tem um sistema On grid instalado, pode instalar um inversor off grid interativo em uma das fases. A maioria desses inversores off-grid  interativos são monofásicos, com saída de 127V ou 220V”, explicou.

“Você pode conectá-lo em uma dessas fases e, em paralelo, aumentar as cargas. Também pode organizar o painel para carregar e gerar energia para as diferentes fases durante o período com sol, utilizando a bateria”, acrescentou

Questionado se é possível instalar um sistema interativo sem painel solar, Fernandes foi categórico. “Sim, é possível”, afirmou.

“Você pode carregar a bateria com a energia da rede. Algumas pessoas também priorizam o sistema para que ele carregue a bateria automaticamente. Além disso, é possível usar a energia solar para esse processo, ou até conectar a bateria para cargas específicas conforme a necessidade”, informou.

“Além disso, os sistemas de armazenamento oferecem autonomia, dependendo da capacidade da bateria e das necessidades de carga. Com um painel solar instalado, a autonomia é ainda maior, pois o sistema pode captar energia durante o dia para manter as baterias carregadas, proporcionando ainda mais segurança e conforto para o consumidor”, explicou.

“Quando adicionamos o painel solar, temos a possibilidade de garantir energia até mais tarde, potencializando o armazenamento e aumentando o tempo de backup. Com a energia gerada pelo sol, as cargas são diretamente alimentadas, e, caso uma nuvem passe e reduza a geração solar momentaneamente, o sistema ajusta o fluxo automaticamente para direcionar energia da bateria sem depender totalmente dela quando o sol volta a aparecer”, comentou.

Financiamento

Fernandes ainda explorou durante o Papo Solar, a importância do financiamento na concretização de projetos de energia solar, com ou sem bateria.

Fernandes afirma que o mercado está maduro em relação ao financiamento bancário, e os bancos estão prontos para apoiar sistemas com baterias. “Digo isso com confiança, pois já conversei com as principais instituições financeiras do setor solar, e todas estão de acordo. Reconhecem a viabilidade do sistema, a qualidade do produto, sua garantia e durabilidade”, afirmou.

Quais são as tendências que podem vir para o Brasil?

Ainda durante o Papo Solar, Bruno Kikumoto destacou a última pesquisa realizada pela Bloomberg, que afirma que a maioria dos sistemas de energia solar residencial instalados na Alemanha e na Itália já contém baterias.

“Esse ano, tivemos uma experiência com alguns integradores na Alemanha. Fizemos uma campanha promocional e tivemos a oportunidade de conhecer um integrador alemão que fala português, o que foi incrível. Na empresa dele, 100% dos sistemas vendidos já incluem baterias”, complementou Fernandes.

O diretor de Negócios da Solmais também afirmou que no mercado alemão, sistemas sem bateria já não são mais vendidos, pois a bateria permite gerenciar o uso da energia e aproveitar horários de tarifas mais baixas na rede. Essa flexibilidade agrega valor e torna o custo das baterias mais viável.

“Não vai demorar muito para que esse modelo seja comum em outros lugares. Dado o estado da rede, vamos precisar de uma pulverização de energia controlável, como a energia solar com baterias”, comentou. 

“Nos Estados Unidos, por exemplo, vi modelos de VPP (Virtual Power Plant), onde o proprietário de um sistema solar com bateria pode despachar energia para a rede em horários programados e receber uma remuneração anual de cerca de mil dólares. Esse modelo é vantajoso, pois permite que ele gerencie sua própria energia e ainda obtenha benefícios financeiros”, complementou.

“Isso oferece uma flexibilidade impressionante. Com o sistema interativo, o usuário pode programar o horário para despachar energia da bateria, o que é especialmente vantajoso em mercados mais desenvolvidos como o da Alemanha”, destacou.

Por fim, Fernandes recomenda investir em capacitação e cursos, aprendendo sobre instalação e configuração de sistemas de armazenamento. “Isso será essencial para acompanhar a evolução do setor. Com o mercado em rápida expansão, este é o momento ideal para se preparar”, finalizou.

Assista ao episódio completo

Todo o conteúdo do Canal Solar é resguardado pela lei de direitos autorais, e fica expressamente proibida a reprodução parcial ou total deste site em qualquer meio. Caso tenha interesse em colaborar ou reutilizar parte do nosso material, solicitamos que entre em contato através do e-mail: redacao@canalsolar.com.br.

Picture of Yvana Leitão
Yvana Leitão
Produtora do Podcast Papo Solar. Possui experiência produção e elaboração de matérias jornalísticas. Graduanda em jornalismo pela Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação de Campinas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notícias Relacionadas

Notícias Relacionadas

[the_ad_group id="6675"]
Receba as últimas notícias

Assine nosso boletim informativo semanal

Baixe Agora Seu Exemplar!

Preencha os dados acima e receba seu exemplar gratuito da Revista Canal Solar.

Baixe Agora Seu Exemplar!

Preencha os dados acima e receba seu exemplar gratuito da Revista Canal Solar.